quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dados sobre Dalton Trevisan

Livros Publicados:
- Abismo de Rosas
- Ah, É?
- A Faca No Coração
- A Guerra Conjugal
- A Polaquinha
- Arara Bêbada
- A Trombeta do Anjo Vingador
- Capitu Sou Eu
- Cemitério de Elefantes
- 111 Ais
- Chorinho Brejeiro
- Contos Eróticos
- Crimes de Paixão
- Desastres do Amor
- Dinorá - Novos Mistérios
- 234
- Em Busca de Curitiba Perdida
- Essas Malditas Mulheres
- Gente Em Conflito (com Antônio de Alcântara Machado)
- Lincha Tarado
- Meu Querido Assassino
- Morte na Praça
- Mistérios de Curitiba
- Noites de Amor em Granada
- Novelas nada Exemplares
- 99 Corruíras Nanicas
- O Grande Deflorador
- O Pássaro de Cinco Asas
- O Rei da Terra
- O Vampiro de Curitiba
- Pão e Sangue
- Pico na veia
- Primeiro Livro de Contos
- Quem tem medo de vampiro?
- 77Ais
- Vinte Contos Menores
- Virgem Louca, Loucos Beijos
- Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades
- Macho não ganha flor
(Todos os livros publicados pela Editora Record - Rio de Janeiro, exceto "Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades" e "Quem tem medo de vampiro?", publicados pela Editora Ática - São Paulo, "77 Ais", impresso pelo autor em papel jornal; "O Grande Deflorador" , "99 Curuíras Nanicas" e "111 Ais", L&PM - Porto Alegre).
Livros renegados pelo autor:
- Sonata ao Luar
- Sete Anos de Pastor
(Primeiros livros publicados, que o autor renega. Editores desconhecidos).
No Exterior:
- Novela Nada Ejemplares - trad. Juan Garcia Gayo, Monte Avila - Caracas

- The Vampire of Curitiba and Others Stories - trad. Gregory Rabassa, Alfred A. Knopf, Nova Iorque

- De Koning Der Aarde (O Rei da Terra) - trad. August Willemsen, Amsterdam

- El Vampiro de Curitiba - trad. Haydée M.J.Barroso, Ed.Sudamericana - Buenos Aires

- De Vijfvleugelige Voguel (O Pássaro de Cinco Asas) - trad. A. Willemsen, Amsterdam
Antologias:
- Contos em antologias alemãs (1967 e 1968), argentinas (1972 e 1978), americanas (1976 e 1977), polonesas (1976 e 1977), sueca (1963), venezuelana (1969), dinamarquesa (1972) e portuguesa (1972).
Filmes:
- A Guerra Conjugal - histórias e diálogos do autor, roteiro e direção de Joaquim Pedro de Andrade, 1975

Amanda Kirchbaner

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cora Coralina

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

 Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Vila Boa de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa brasileira.
Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
                Começou a escrever os seus primeiros textos aos catorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.
Com a morte do marido, Cora ficou ainda com três filhos para acabar de criar. Sem se deixar abater, vendeu livros em São Paulo, mudou-se para Penápolis, no interior do Estado, onde passou a vender lingüiça caseira e banha de porco que ela mesma preparava. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.
Ao completar cinqüenta anos de idade, a poetisa sofreu uma profunda transformação em seu interior, que definiria mais tarde como a perda do medo. Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.
Durante esses anos, Cora não deixou de escrever, produzindo poemas ligados à sua história, à ligação com a cidade em que nascera e ao ambiente em que fora criada.
Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.
Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil.
Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.
Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).
Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.

Livros e outras obras:
Estórias da Casa Velha da Ponte (contos)
Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais (poesia)
Meninos Verdes (infantil)
Meu Livro de Cordel
O Tesouro da Casa Velha
A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu (infantil)
Vintém de Cobre
As Cocadas (infantil)

MEU DESTINO
Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida...


Fontes: http://pensador.uol.com.br 
            http://pt.wikipedia.org
            http://revista.agulha.nom.br
 
Alunos: Bruna Bührer, Carla Kurcrevski, Luana Garcia, Martin Schwaab, Mateus Dal Vesco, Rafael Edling

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Obras de Murilo Mendes

História do Brasil (1932) é um livro de sátiras e poemas-piadas, que põe a nu os ridículos de nossos fastos. Em Tempo e Eternidade (1935), livro de parceria com Jorge de Lima, pratica uma poesia confessional ou dirigida à Musa, de expressão solene, eloqüente, por vezes quase litúrgica. A bipartição entre Deus e a Musa poria A Poesia em Pânico (1938), pois a Igreja lhe disputa o amor da Musa. Esta vence e recolhe o amor que deveria ser consagrado à Igreja; mas o poeta fica em pânico, a identificar mulher e pecado, segundo a linha que vem da Tentação e da Queda. O Visionário (1941), que desenvolve algumas diretrizes de Poemas, com ainda maior confusão de tempos e formas, de coisas e alucinações, é um dos livros mais representativos da segunda fase de nosso Modernismo; não se parece a nenhum outro de nenhum outro autor, mas é um M. veemente e condensado. As Metamorfoses (1944) são repassadas pela amargura da vida, num mundo tiranizado pela guerra, injusto e sangrento, em que os homens fazem a parte de Caim uns contra os outros. Só a bondade, isto é, a poesia, o poderá salvar. Mundo Enigma (1945) traz, como novidade na obra muriliana, a nota do amor não desesperado, mas suave, e a introdução, na poesia lírica, de um conceito conclusivo, como se se tratasse de "moral da história". Poesia Liberdade (1947) é um livro no qual se reflete, como nAs Metamorfoses, a amargura suscitada pela guerra, ditadores e injustiças que trucidavam o mundo conflagrado. Deseja o poeta a comunhão dos homens e dos povos. Contemplação de Ouro Preto (1954) é uma procura de ordenação pelo poeta, que cultiva o decassílabo, o alexandrino e outros metros: reporta-se o livro às velhas cidades de Minas, com sua atmosfera de endoenças. De . 1959 datam Poesias (1925-1955), reunião dos livros anteriores, com sua atmosfera de endoenças. De 1959 datam Poesias (1925-1955), reunião dos livros anteriores, exclusão de História do Brasil e inclusão de livros inéditos ou novos, como Bumba-meu-Poeta (1930), Sonetos Brancos (1946-1948), Parábola (1946-1952) e Siciliana (1954-1955). Posteriormente viria a lume Tempo Espanhol (1950), como Siciliana resultante das viagens do poeta. 


Enviado pela aluna: Natasha

Murilo Mendes


Biografia

Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz Fora, Minas Gerais, em 13 de maio de 1901.  Dois acontecimentos marcaram a juventude de Murilo Mendes, a passagem do cometa Halley, em 1910, e sua fuga do colégio interno em Niterói para ver, no Rio de Janeiro, as apresentações do dançarino russo Nijinski, em 1917. Ambos, cometa e bailarino, foram considerados por ele, verdadeiras revelações poéticas. Entre os anos de 1924-29, apareceram seus primeiros poemas nas revistas modernistas, "Antropofagia" e "Verde". O poeta faz parte da chamada Segunda Geração Modernista. Médico, telegrafista, auxiliar de contabilidade, notário e Inspetor do Ensino Secundário do Distrito Federal. Foi escrivão da quarta Vara de Família do Distrito Federal, em 1946. Se mudou para Roma em 1957 onde trabalhou como professor  de cultura brasileira, ensinando em vários países da Europa. Defensor da liberdade, Mendes se declarou inimigo pessoal de Hilter, como foi e seria sempre de qualquer tirano. Em tudo Murilo foi revolucionário. Até sua conversão para o cristianismo, tão incompreendida, na polaridade angelismo/demonismo, foi ao contrário um ato de resistência. E não se tratava de aceitação e sim, uma nova proposição: a saber, a proposta de um catolicismo mais voltado para os problemas humanos, terrenos. Sua primeira obra, “Poemas”, só veio a público em 1930. Nela já transparecia traços que marcariam sua poesia futura: “a presença constante de metáforas e símbolos, a dilaceração do eu em conflito, a inclinação ao surrealismo e os contrastes: abstrato/concreto, lucidez/delírio, realidade/mito. Murilo Mendes tem uma obra abundante, mas sem perder a qualidade, pois também é fascinante. Com imensa liberdade criadora e lírica, arrisca-se até no surrealismo. Começou pelo humor da poesia modernista, passando pelo catolicismo, o misticismo, o onírico e o insólito, sempre mantendo a plasticidade imagética. Até atingir uma objetividade que beira os fatos históricos, visto que apresenta paisagens carregadas de estilhaços e fragmentos da história. Sendo surrealista, precisa ser recomposto pelo leitor, para enfim, sem compreendido e querido.



Obras:
  • Poemas (1930)
  • História do Brasil (1932)
  • Tempo e Eternidade. Colaboração de Jorge de Lima (1935)
  • O Sinal de Deus (1936)
  • A Poesia em Pânico (1936)
  • O Visionário (1941)
  • As Metamorfoses (1944)
  • O Discípulo de Emaús (1945; 1946)
  • Mundo Enigma (1945)
  • Poesia Liberdade (1947)
  • Janela do Caos (1949)
  • Contemplação de Ouro Preto (1954)
  • Poesias (1925-1955).
  • Tempo Espanhol (1959)
  • A Idade do Serrote (memórias) (1968)
  • Convergência (1970)
  • Poliedro (1972)
  • Retratos-relâmpago (1973)
Fontes:
Losofonia Poética

Enviado  pelas alunas: Karen e Jennifer

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A ingenua.

O quinze.

Raquel de Queiroz.

Enviado pelo aluno: Gustavo franco.

Curiosidades sobre Graciliano Ramos

Graciliano Ramos foi descoberto para a literatura a partir dos relatórios que enviava ao Governo do Estado de Alagoas, quando era prefeito de Palmares dos Índios. Os relatórios chamaram atenção para seu modo literário de escrever.
"Memórias do Cárcere" retrata os 10 meses que passou na prisão, em Ilha Grande, no Rio de Janeiro. O livro teve sua versão para o cinema, um filme de Nelson Pereira, em 1984.
Graciliano Ramos tinha predileção pelas narrativas em primeira pessoa.
Grande parte de sua obra foi renegada por ele mesmo que muitas vezes apelava para pseudônimo.
Foi comerciante de tecidos.
Cuidava de quatro filhos do primeiro casamento com Maria Augusta Barros, de quem ficou viúvo em 1920. Casou-se em 1928 com Heloísa Madeiros.

Enviado pelas alunas: Ana Paula e Ana Rita.

Jorge Amado.



Enviado pelo aluno: João dias.

José Lins do Rego.

Resumo do Livro "Doidinho", de José Lins do Rego.

Doidinho um menino travesso que vivia em liberdade no Engenho Santa Rosa do avô José Paulino, que foi levado pelo avô ao colégio interno.

Ao ver a partida do avô, chorou, pois era primeira vez que ficava longe de família. O senhor Maciel que és o dono do colégio, ao tomar lição do Carlos Melo (Doidinho), viu que não sabia quase nada e por isso ficou na turma do senhor Maciel. Por errar nas lições era levado bolo (apanhava) nas mãos que chegava a deixar hematomas.

Após um mês de aprendizado e levar muito bolo, o Carlos Melo ficava nervoso, impaciência mórbida de não parar em lugar, aos choros inexplicáveis recebeu o apelido de “Doidinho”.

Num dia desses por levar muitos bolos na mão, pediu ao colega Coruja escrever a carta para o avô pedindo para vir buscar. O avô ao receber a carta foi tomar satisfações com o dono do colégio que explicou o motivo. O diretor Maciel ao descobrir o erro cometido por Doidinho foi procurar saber quem foi que escreveu a carta, pois ele mal escrevia. Por não contar quem escreveu levou vários bolos até que não agüentou e acabou confessando que foi o seu amigo Coruja, que por sua vez não desmentiu e também levou vários bolos do diretor. Por aí o Doidinho viu que o Coruja não se importou de levar bolo confessando o pedido do amigo. Daí em diante viu em Coruja um amigo fiel.

Ao receber o sorriso e olhares encantou se por uma menina chamada Maria Luíza, que ali morava, ia para a sua casa após as aulas.

No colégio o Doidinho ficara sabendo das vidas dos Pais dos seus amigos, das fofocas dos vizinhos, e cada vez q aprontava levava bolo. Ficou triste quando seu melhor amigo Coruja precisaria sair do colégio para ajudar o seu pai. No feriado da Quaresma o seus colegas cada um indo para as suas casa e ele ficou no colégio, triste. Nesses dias sozinho, o colégio ficou em silêncio, até o diretor estava mais manco e indo conversar com ele. As aventuras que Doidinho teve com a cozinheira Paula e assim passou o feriado.

Todos voltando com as novidades, e um deles, disse que pai de Doidinho matara sua mãe, isto o entristeceu muito, pois já não tinha os pais para ter atenção, ainda saber dessa tragédia deixou oprimido. Chegou o mês de junho, das Festas Padroeiras, quando o avô prometera a vir buscar, estava ansioso. De volta ao seu lar, começou as suas travessuras matando a saudade. Ao mesmo tempo sentiu que tinha aprendido muitas coisas, sentiu se superiores aos seus amigos que não freqüentavam a escola. Aproveitara a suas Férias.

De volta ao colégio o Doidinho já não levava mais bolo do diretor e seu amigo Coruja volta ao colégio, agora como ajudante do diretor, ficava de olho os demais, levando ao diretor aqueles que desobedecer as normas. Doidinho fica triste com a distância do amigo Coruja, mais entende a situação, pois o pai dele não poderia pagar o colégio, Maria Luiza o amor da sua vida foi embora para outra cidade, mas já nem pensava muito nela.

Começou o treino de marcha militar no colégio para apresentar no dia 7 de setembro. O nervosismo de Doidinho não deixava fazer as obrigações e levava muitos bolos. A revolta começa a crescer por dentro querendo ir embora do colégio por que achava que era injusto ser a gozação da turma.

No dia da marcha inventou que estava doente e ficou no colégio, de repente passa pela cabeça de fugir do colégio, e assim na oportunidade consegue subir no trem rumo ao seu lar no Engenho da Santa Rosa do seu avô.




Resumo de "Bangüe", de José Lins do Rego.

   Bangüê  é um romance escrito em 1934 do escritor carioca José Lins do Rego. O livro é o terceiro de uma trilogia que se inicia com Menino de Engenho, tem seqüência com Doidinho e se finda com Bangüê. A história guarda várias das características típicas do autor, famoso por sua literatura regionalista.

   O personagem principal de Bangüê  é Carlos Melo, um homem jovem que retorna ao engenho de seu avô logo após se forma em direito numa universidade da capital. Logo ao retornar, Carlos tem muita dificuldade de se readaptar ao ambiente rural.

   Dr. Carlos passou alguns anos fora do Engenho de seu avô, e ao retornar vê todos os seus antigos amigos em uma situação bastante diferente daquela que tinham quando o rapaz foi estudar na capital. Também a forma como lhe tratavam havia mudado bastante, sem que ninguém cultivasse intimidades com o bacharel formado na capital, o futuro dono do engenho Santa Rosa, palco de Bangüê.

   Carlos é um rapaz com pouco força de caráter e que se ilude a todo momento, apesar de a sua realidade não ser exatamente ruim. Quando na capital, havia inventado histórias sobre o engenho de seu avô, e mesmo sobre o comportamento do velho, tentando criar uma aura aristocrática ao redor do velho José Paulino.

   Bangüê mostra o final do grande império dos caroneis da cana de açúcar, a historia se passa no momento de inflexão do setor, quando os grandes feudos dos coronéis começavam a dar lugar a estrutura capitalista das grandes usinas. Entretanto, ainda é possível perceber o grande poder que esses senhores possuíam em suas terras, sendo praticamente os poderes executivo, legislativo e judiciários.
   Em Bangüê, os pobres não tinham opção de trabalho, tendo que trabalhar nas grandes lavouras de cana, a um salário de fome. Sua realidade era horrenda, conforme o Dr. Carlos percebe em diversos momentos, mas nunca tem a força necessária para agir contra ela e provocar uma mudança social em suas terras.    Bangüê também retrata o preconceito racial que a aristocracia canavieira guardava, além do papel secundário que as mulheres possuíam nesta sociedade. A história termina mostrando como apesar de haver uma mudança do eixo de poder, não há uma mudança social, com os ricos se mantendo ricos e os pobres mantendo-se na penúria.

Enviado pelo aluno: João Gabriel.

Exercicios: Jorge Amado e Manoel Bandeira.

Jorge Amado
1. Os romances de Jorge Amado têm como espaço o estado da Bahia, local de sua origem. Quanto ao enredo, geralmente ele provém da vivência do escritor e seu contato:
a)as camadas populares da Bahia.
b)as camadas elitistas da Bahia.
c)as camadas populares do Rio de Janeiro.
d)as camadas elitistas do Rio de Janeiro.
e)as camadas populares e elitistas da Bahia

2. Quanto ao estilo literário de Jorge Amado, pode-se dizer que ele desenvolveu uma arte literária calcada:
a)na erudição, com o uso de termos e expressões pouco populares.
b)na cultura clássica, justificada por sua preocupação em desenvolver uma literatura tradicional.
c)na narrativa oral, na técnica de contador de caso.
d)no formato realista-naturalista, voltado para a comprovação de uma tese científica.
e)no modelo arcádico, primando pela obediência aos preceitos bucólicos.

3. O romance enfoca um grupo de garotos órfãos, marginalizados e desamparados, que, liderados por Pedro Bala, sobrevivem à custa de furtos e trapaças. No decorrer do romance, conta-se a histórias desses garotos e sua desintegração com o bando. Pedro Bala descreve que é filho de um líder sindical morto durante uma greve e, assim, acaba se tornando revolucionário comunista.
Esse é o enredo de qual romance de Jorge Amado?
a)Jubiabá
b)Mar morto
c)Capitães da areia
d)Seara vermelha
e)São Jorge dos Ilhéus

Manoel Bandeira
1. (Enem-MEC) “Poética, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento
modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora crítica e propostas que
representam o pensamento estático predominante na época.
Com base no poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:                      
a) critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) critica todo e qualquer lirismo na Literatura.
c) propõe  o retorno ao lirismo do movimento romântico.
d) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
e) propõe a criação de um novo lirismo.

2. (FUVEST) Considere as seguintes afirmações sobre Libertinagem, de Manuel Bandeira:
I. O livro oscila entre um fortíssimo anseio de liberdade vital e estética e a interiorização cada vez mais profunda dos vultos familiares e das imagens brasileiras.
II. Por ser uma obra do início da carreira do autor, nela ainda são raras e quase imperceptíveis as contribuições técnicas e estéticas do Modernismo.
III. Em vários de seus poemas, a exploração de assuntos particulares e pessoais, aparentemente limitados, resulta em concepções muito amplas, de interesse geral, que ultrapassam a esfera pessoal do poeta.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I
b) II
c) I e II
d) I e III
e) II e III

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Exercicios.

Exercicios.

1. "A língua sem arcaísmo. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos".
Neste trecho do Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, depreende-se um dos programas propostos pelos modernistas:
a) a invenção de uma nova língua, estruturalmente diferente da falada e escrita pelos portugueses
b) a imitação do discurso dos autores populares da literatura oral brasileira
c) a incorporação da fala brasileira à língua literária nacional
d) a volta à língua do Brasil dos primeiros tempos da colonização
e) o repúdio à literatura dos escritores do passado, apenas porque eram afeitos à extrema correção

2. Representante típico do movimento antropológico, um poema, escrito em 1928 e publicado em 1931, iria recriar os mitos da Amazônia, utilizando-se do seu regionalismo léxico e sintático. Trata-se de:
a) Cobra Norato, de Raul Bopp
b) Martim Cererê, de Cassiano Ricardo
c) Juca Mulato, de Menotti del Picchia
d) Clã do Jabuti, de Mário de Andrade
e) Raça, de Guilherme de Almeida

6. A respeito de Oswald de Andrade, é incorreto afirmar que:
a) apesar de sua intensa participação na SAM, assumiu uma postura simpática em relação à poesia parnasiana
b) em Serafim Ponte Grande, rompe com a forma e com a estrutura tradicionais do romance brasileiro
c) O Rei da Vela, sua obra-prima em termos de dramaturgia, apresenta contundente crítica ao sistema burguês
d) desenvolveu uma poesia original, plena de humor e ironia, com uma linguagem do cotidiano, repleta de neologismos
e) filho único, rico, pôde viajar à Europa, onde entrou em contato com as idéias vanguardistas, que divulgaria no Brasil


13. "Seu Lula gritava dentro de casa como se estivesse em luta com inimigos que lhe enchessem o quarto. D. Olívia naqueles dias, largava as suas gargalhadas. E gritava também. Por um instante a silenciosa casa grande do Santa Fé parecia agitada de paixões, de gente desesperada. Passava tudo e outra vez o silêncio tomava conta dos quatro cantos da sala e dos corredores. Seu Lula refugiava-se na rede. D. Olívia continuava a andar de um lado para outro".
A decadência de Engenho Santa Fé figurada na personagem trágica de seu proprietário, o coronel Lula de Holanda, é uma das trilhas narrativas percorridas pela grande síntese épica:
a) São Bernado, de Graciliano Ramos
b)Terras do Sem-Fim, de Jorge Amado
c) Saga, de Érico Veríssimo
d)O Quinze, de Rachel de Queiroz
e)Fogo Morto, de José Lins do Rego

1. (UFAM) A respeito do romance Incidente em Antares, de Erico Veríssimo, assinale a alternativa em que personagem e respectiva caracterização NÃO se apresentam de modo correto:
A) Valentina – É a mulher do juiz Quintiliano do Vale. Em determinada noite, ela tem a coragem de afrontar o marido, fumando na sua frente e dizendo-lhe as coisas ruins que de fato pensava dele.
B) Mirabeau da Silva – É o promotor da cidade de Antares. No episódio do coreto, alguns rapazes, devidamente escondidos nas árvores, o ofendem chamando-o de “fresco”.
C) Barcelona - É o apelido do sapateiro Lucas Faia. No episódio do coreto, em que os mortos afrontam os vivos, é ele quem revela as escusas articulações políticas de Tibério Vacariano.
D) Dona Quitéria (ou Dona Quita) – Matriarca do clã dos Campolargos, é um dos mortos que caminha do cemitério ao centro da cidade. Amiga de Tibério Vacariano, com ele conversava sobre política.
E) Dr. Lázaro Bertioga – É um dos dois médicos de Antares. Embora sinta remorsos, assina um falso atestado de óbito, a fim de que ninguém descobrisse que João Paz fora assassinado na delegacia de polícia.

2. (UFAM) Leia as afirmativas abaixo, feitas a propósito do enredo do romance Incidente em Antares:
I. A mulher de Egom Sturm, temendo ser perseguida, atravessa a fronteira pelo rio Uruguai, indo se exilar em Buenos Aires.
II. Em conseqüência de uma greve dos trabalhadores de Antares, à qual aderiram os coveiros, sete mortos não puderam ser sepultados e foram deixados do lado de fora dos muros do cemitério.
III. Para honrar a memória de Pudim de Cachaça, o seu amigo Alambique revela aos jornalistas de Porto Alegre o que de fato acontecera e, por isso, veio a ser assassinado na calada da noite.
IV. A primeira parte do romance traça um painel histórico da cidade de Antares, mostrando a formação dos clãs que a dominariam e disputariam o poder sem quaisquer escrúpulos.
Estão corretas:
A) apenas II e III
B) I, II e III
C) I, III e IV
D) apenas II e IV
E) apenas I e IV.

1. (FUVEST) Leia o trecho para responder ao teste.
"Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos." (Vidas secas, Graciliano Ramos)
Assinale a alternativa incorreta:
a) O trecho pode ser compreendido como suspensão temporária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena "congelada", que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.
b) Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão.
c) A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.
d) A expressão "coisas alheias" reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica.
e) As referências a "enterro" e "cemitério" radicalizam a caracterização das "vidas secas" do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.

2. (FUVEST) Um escritor classificou Vidas secas como “romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e seqüências parcialmente truncadas.
Essas características da composição do livro:
a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do Regionalismo
nordestino.
b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo.
c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão adequada da realidade sertaneja.
d) revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha, em Os sertões.
e) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo.

3. (PUC-SP) O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado. (…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando látegos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (…)
O trecho acima é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele, é incorreto afirmar-se que:
a) prenuncia nova seca e relata a luta incessante que os animais e o homem travam na constante defesa da sobrevivência.
b) marca-se por fatalismo exagerado, em expressão como “o sertão ia pegar fogo”, que impede a manifestação poética da linguagem.
c) atinge um estado de poesia, ao pintar com imagens visuais, em jogo forte de cores, o quadro da penúria da seca.
d) explora a gradação, como recurso estilístico, para anunciar a passagem das aves a caminho do Sul.
e) confirma, no deslocamento das aves, a desconfiança iminente da tragédia, indiciada pela “brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes”.

4. (UFLA) Sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) O romance focaliza uma família de retirantes, que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e num degradante estado de condição humana.
b) O relato dos fatos e a análise psicológica dos personagens articulam-se com grande coesão ao longo da obra, colocando o narrador como decifrador dos comportamentos animalescos dos personagens.
c) O ambiente seco e retorcido da caatinga é como um personagem presente em todos os momentos, agindo de forma contínua sobre os seres vivos.
d) A narrativa faz-se em capítulos curtos, quase totalmente independentes e sem ligação cronológica e o narrador é incisivo, direto, coerente com a realidade que fixou.
e) O narrador preocupa-se exclusivamente com a tragédia natural (a seca) e a descrição do espaço não é minuciosa; pelo contrário, revela o espírito de síntese do autor.

6. (ACAFE / SC) A vida na fazenda se tornara difícil. Sinha Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul, as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre.
De acordo com o fragmento acima, é incorreto o que se afirma em:
a) Tanto Sinha Vitória quanto Fabiano tinham fé na providência divina.
b) O enfoque é narrativo.
c) O que se relata ao longo do parágrafo tem o objetivo de confirmar a afirmação da primeira frase.
d) Há evidências de que Sinha Vitória e Fabiano estão fragilizados, pois ela "benzia-se tremendo" e ele estava "encolhido na banco do copiar".
e) O tema predominante é a indagação metafísica sobre a existência (inexistência) de Deus.

8. (ACAFE / SC) Sobre a obra Vidas secas, é correto afirmar que:
a) a preocupação com a fidedignidade histórica e com o tom épico atenua o sentimento dramático da vida, habitualmente presente nos poemas do autor.
b) apresenta temática indianista, a exemplo do que fizera Gonçalves Dias em Os timbiras eCanção do tamoio.
c) as personagens humanas, em razão da seca, da fome, da miséria e das injustiças sociais, animalizam-se; em contrapartida, os bichos humanizam-se.
d) Chico Bento, antes da seca, não era vagabundo, nem bandido; era um trabalhador rural. e) narra a história de um burguês, Paulo Honório, que passara da condição de caixeiro-viajante e guia de cego à de rico proprietário de uma fazenda. Para atingir seus objetivos, o protagonista elimina todos os empecilhos que se colocam à sua frente, inclusive pessoas.

2. (CEFET) O diálogo a seguir é entre Paulo Honório, narrador, e Gondim, jornalista contratado inicialmente por Paulo para escrever o romance:
“– Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.
– Não pode? Perguntei com assombro. E porquê?
Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.
– Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.” (Graciliano Ramos: São Bernardo, cap. 1)
Com base no texto, pode-se afirmar que:
a) a concepção de literatura da 1ª fase do modernismo expressa-se na opinião de Gondim.
b) as idéias de Paulo aplicam-se à obra de Graciliano, não a outros autores modernos.
c) as buscas da prosa da 2ª fase do modernismo não aparecem no ponto de vista de Paulo.
c) a divergência entre Gondim e Paulo é antes temática que estilística.
e) a concepção de literatura da 1ª e 2ª fases do modernismo está no parecer de Paulo.

3. (MACKENZIE) Em São Bernardo, a velhice é o momento em que o narrador-protagonista Paulo Honório
a) aproveita, apesar dos problemas cotidianos, toda a riqueza e prestígio que conseguiu durante sua vida de sacrifícios.
b) se vê falido economicamente e se conscientiza de que sua vida foi consumida inutilmente na posse da fazenda S. Bemardo.
c) reconhece a forma desumana como tratou Madalena e as demais pessoas, mas não é capaz de reconstruir novo projeto de vida.
c) se sente contrariado, pois, apesar de saudável física e emocionalmente, constata que viveu apenas em função dos outros.
e) avalia o passado positivamente, contrastando-o com a solidão do presente e a incerteza do futuro.



6. (UFLA) A única opção que NÃO caracteriza, integralmente, o personagem Paulo Honório, de São Bernardo, de Graciliano Ramos, é:
a) “Passou a vida a transformar as pessoas e os sentimentos em coisas mensuráveis, catalogáveis, sujeitas a valores de troca, a extirpar tudo o que ultrapassasse a objetividade ou a passividade das coisas.”
b) “Ascende de uma dura e miserável infância, que tudo lhe negou, à esplêndida condição de senhor de um mundo: a Fazenda São Bernardo, com suas terras, animais e homens.”
c) “Caráter inconstante, de atitudes dúbias: subserviente com todos os poderosos, arrogante e prepotente com os humildes.”
d) “Torna-se um poderoso, mas não foge ao destino humano: é um só, um homem desesperadamente solitário.”
e) “Personalidade enérgica, rica, dominadora, que avassala tudo e todos com sua vontade onipotente.”


16. (UNIOESTE) Sobre o romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, numa visão geral de fatos, personagens, características e estrutura, todas as afirmativas abaixo são procedentes, EXCETO:
A) o romance é narrado em terceira pessoa.
B) predomina no romance o monólogo interior.
C) Paulo Honório não vê propriamente a natureza, pois repara apenas nas coisas que lhe pudessem ser rendosas.
D) tudo o que em São Bernardo é tenebroso, inumano e doloroso é durante a noite que se forja, acontece ou se realiza.
E) a coruja, que antes tinha atuado como prenúncio da morte de Madalena, virá a ser depois a voz que trará à mente de Paulo Honório a lembrança da tragédia, que tão duramente o persegue.

Exercícios de Literatura: Mario de Andreade, Graciliano Ramos, José Lins Rego.

Exercícios de Literatura: Mario de Andreade, Graciliano Ramos, José Lins Rego
Aluna: Ana Paula Camargo Matheus
1-(MACKENZIE) “Chamado de rapsódia por Mário de Andrade, o livro é construído a partir
de uma série de lendas a que se misturam superstições, provérbios e anedotas. O tempo e
o espaço não obedecem a regras de verossimilhança, e o fantástico se confunde com o real
durante toda a narrativa.”
A afirmação faz referência à obra:
a) O rei da vela.
b) Calunga.
c) Macunaíma.
d) Memórias sentimentais de João Miramar.
e) Martim Cererê.
2-(UFC) Macunaíma – obra-prima de Mário de Andrade – é um dos livros que melhor
representam a produção literária brasileira do presente século. Sua principal característica é:
a) traçar, como no Romantismo, o perfil do índio brasileiro como protótipo das virtudes
nacionais.
b) Ser um livro em que se encontram representados os princípios que orientam o movimento
modernista de 22, dentre os quais o fundamental é a aproximação da literatura à música.
c) Analisar, de modo sistemático, as inúmeras variações sociais e regionais da língua
portuguesa no Brasil, destacando em especial o tupi-guarani.
d) Ser um texto em que o autor subverter, na linguagem literária os padrões vigentes, ao fazer
conviver, sem respeitar limites geográficos, formas lingüísticas oriundas das mais diversas
partes do Brasil.
e) Exaltar, de forma especial, a cultura popular regional, particularmente a representativa do
Norte e Nordeste brasileiro.
3-Assinale a alternativa que se refere a Graciliano Ramos:
fruto de uma reportagem de jornal, sua obra famosa - dramático libelo contra um crime de
genocídio - aponta a existência de um país desenvolvido, no litoral, e outro abandonado, no
meio rural
com uma juventude marcada pela partição partidária, sua obra, a princípio preocupada,
abriu-se para um engajamento social de tom épico e lírico, com que descreve aspectos das
camadas marginalizadas da sociedade baiana
autor de vasta obra, em grande parte memorialística, apresenta um apreciável painel de
realidade do nordeste açucareiro, descrito em alguns romances vigorosos que mostram o
drama da decadência dos velhos engenhos
autor de literatura regionalista de caráter universalizante, sua prisão, por motivos políticos,
forneceu-lhe material para uma obra de denúncia do atraso cultural da sociedade brasileira e
das iniqüidades do Estado Novo
4-Em Vidas Secas, de Graciliano ramos, há uma aproximação entre:
homem e animal
criança e homem
natureza e homem
homem e mulher
5-O Capitão Vitorino Carneiro da Cunha, uma das personagens mais bem realizadas da
literatura brasileira, aparece como uma das figuras centrais do romance de José Lins do Rego
intitulado:
Cangaceiros
Menino de Engenho
Fogo Morto
Usina
Bangüé
Valmir_jd
(UEL) Sobre o romance Fogo Morto, de José Lins do Rego, é correto afirmar:
(A) Caracteriza-se como uma obra memorialista, pois a personagem central, mestre José
Amaro, narra a sua história pessoal, enfatizando os problemas que o mundo capitalista traz
para o homem.
(B) Embora tenha sido escrito na década de 1930, quando o movimento modernista já havia
operado uma revolução na literatura, o romance é bastante convencional, sobretudo na
caracterização da paisagem e do homem nordestino, aproximando-se da visão de mundo
romântica.
(C) Apresenta uma visão saudosa da realidade política, econômica e social do Nordeste da
primeira metade do século XX, bem como uma visão pitoresca do espaço enfocado.
(D) O uso do discurso indireto livre é um dos procedimentos de construção narrativa mais
significativos do romance, na medida em que permite a diversidade de olhares sobre uma dada
realidade e, ao mesmo tempo, auxilia no processo de aprofundamento do drama psicológico
vivenciado pelas personagens.
(E) Faz um retrato fotográfico da realidade nordestina, afastando-se do ficcional, uma vez que
parte de fatos que realmente existiram e que podem ser comprovados, como a decadência dos
engenhos de açúcar e a Guerra de Canudos.
(UFV) O romance regionalista dos anos 30, em cuja temática insere-se a obra Fogo Morto,
abordou as questões socioeconômicas do Nordeste brasileiro.
Dentre as seguintes alternativas, apenas uma NÃO confirma a declaração acima. Assinale-a:
(A) Enquanto o desenvolvimento industrial deixou suas marcas na fase heróica do movimento
modernista, o romance nordestino dos anos 30 privilegiou as heranças culturais do Brasil rural.
(B) O enredo de Fogo Morto é de natureza documental, confirmando a abolição da escravatura
como um dos fatores preponderantes para o declínio da sociedade patriarcal brasileira.
(C) O personagem do romance regionalista da década de 30, não conseguindo vencer as
adversidades de um destino hostil, evadiu-se no tempo e no espaço em busca de aventuras
amorosas e sentimentais.
(D) Fogo Morto insere-se na temática social do “romance de 30”, consolidando o escritor
José Lins do Rego como o romancista que melhor retratou a decadência dos senhores dos
engenhos da cana-de-açúcar.
(E) O “romance de 30” retratou de forma mais direta a linguagem, o folclore e a vida social do
Nordeste brasileiro, resgatando os valores e as tradições daquela sociedade patriarcal.

Enviado pela aluna: Ana Paula Camargo.

José Oswald de Souza Andrade



Biografia

José Oswald de Souza Andrade nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890 e morreu em 22 de outubro de 1954, também em São Paulo e é considerado um dos principais literatos do modernismo no Brasil. Além de escrever, se formou em Direito em 1919. Publicou seus primeiros trabalhos no semanário paulista de crítica e humor intitulado "O Pirralho", que ele mesmo havia fundado em 1911. O semanário o tornou conhecido como um escritor combativo e polemista. Em 1916 deu inicio ao livro Memórias Sentimentais de João de Miramar. Em 1917 conheceu Mario de Andrade e a partir de então, passaram a trabalhar juntos iniciando movimentos que visavam a Semana de Arte Moderna de 1922. o escritor modernista Oswald de Andrade escreveu o romance Trilogia do Exílio. A partir de então, escreveu outras obras: Estrela de Absinto, A Escada Vermelha, Primeiro Caderno do Aluno de Poesia, etc.

Pelo espírito irreverente e combativo, nenhum outro escritor do modernismo ficou mais conhecido que Oswald. Sua atuação é considerada fundamental na cultura brasileira da primeira metade do século 20. Publicou "Os Condenados" e "Memórias de João Miramar". Em 1924, iniciou o movimento Pau-Brasil, juntando o nacionalismo às idéias estéticas da Semana de 22. Em 1926, casou com a pintora Tarsila do Amaral, e os dois se tornaram a dupla mais importante das artes brasileiras (Mário de Andrade os apelidou de "Tarsiwald").

Oswald escreveu o "Manifesto Antropofágico", A linguagem do manifesto é majoritariamente metafórica, contendo fragmentos poéticos bem-humorados e torna-se a fonte teórica principal do movimento. A intenção era promover o resgate da cultura primitiva, e o autor o faz por meio de um processo não harmonioso de tentar promover a assimilação mútua por ambas as culturas. Oswald, no entanto, não se opõe drasticamente à civilização moderna e industrializada, mas propõe um certo tipo de cuidado ao absorver aspectos culturais de outros, para que a modernidade não se sobreponha totalmente às culturas primitivas. E também, para que haja maior cuidado ao absorver a cultura de outros lugares, para que não haja absorção do desnecessário e a cultura brasileira vire um amontoado de fragmentos de culturas exteriores.

Com a crise de 29, Oswald teve as finanças abaladas e sofreu uma reviravolta na vida. Rompeu com Mário, separou-se de Tarsila e casou com a escritora e militante política Patrícia Galvão. Filiou-se ao PCB após a revolução de 1930 (romperia com o partido em 1945, embora continuasse sendo de esquerda). Em 1931, quando dirigia o jornal "O Homem do Povo", foi várias vezes detido. Em 1936, após ter-se separado de Pagu, casou com a poetisa Julieta Bárbara. Em 1944, outro casamento, agora com Maria Antonieta D'Aikmin, com quem permaneceria até o fim da vida. Além de poemas, já lançara o romance "Serafim Ponte Grande" (1933) e as peças "O Homem e o Cavalo" (1934) e "O Rei da Vela" (1937). Em 1939, na Suécia, representou o Brasil num congresso do Pen Club (a entidade internacional que congrega os literatos dos diversos países). Prestou concurso para a cadeira de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP com a tese "A Arcádia e a Inconfidência" e, em 1945, obteve o título de livre-docente.
 
Oswald morreu aos 64 anos. Sua poesia seria precursora de dois movimentos distintos que marcariam a cultura brasileira na década de 1960: o concretismo e o tropicalismo.



Características da obra
Entre as características gerais de sua obra, são marcantes: poemas rápidos, cheios de irreverência, ironia, coloquialismos. Tematicamente relacionados ao cotidiano e à identidade do povo brasileiro, em especial ao seu jeito de falar.
Características estéticas: grande liberdade formal, com o uso de versos livres (metrificação irregular) e brancos (sem esquemas de rima), pontuação despreocupada etc.



Poesias do autor
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Outras poesias marcantes:
  • 1925: Pau-Brasil 
  • 1925: Canto de Regresso à Pátria 
  • 1927: Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade 
  • 1945: Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão 
  • 1945: O Escaravelho de Ouro 
  • 1947: O Cavalo Azul 
  • 1947: Manhã


Principais Romances

Serafim Ponte Grande (1933)
Apesar de aparente desordem, o romance apresenta uma estrutura que permite defini-lo como um livro de memórias dividido em onze partes ou capítulos agrupados em três partes:

PRIMEIRA: etapa de formação, apresentando a infância, adolescência, o casamento com Dona Lalá, a sátira à Revolução de São Paulo, em 1924 . O erotismo erreverente é nota constante.

SEGUNDA - viagens e aventuras pela Europa e Oriente.

TERCEIRA : o retorno e viagem utópica. Serafim ataca o quartel da polícia, a imprensa e o serviço sanitário. Perseguido , é fulminado por um raio. Pinto Calçudo, secretário de Serafim, se apossa do navio. "El Durasno", e funda a sociedade utópica, composta por ele e os tripulantes do navio, empreendendo umja viagem permanente.

Serafim Ponte Grande encarna o mito de herói latino - americano individual,, remando contra a corrente, procurando romper as cadeias do conformismo e da hipocrisia burguesa a golpes de ironia e sarcasmo. Mas o sonho de Serafim, por ser individual, acaba frustrando-se tragicamente, atirando o "herói" à marginalidade e amargura.

Outros romances marcantes:
  • 1922-1934: Os Condenados (trilogia) 
  • 1924: Memórias Sentimentais de João Miramar 
  • 1943: Marco Zero à Revolução Melancólica

Principais Teatros


O Rei da vela
A peça conta a história de um agiota inescrupuloso, Abelardo I, o Rei da Vela. Com negócios diversificados, sua especialidade são empréstimos. Aproveitando-se da crise econômica que flagela o país, Abelardo empresta dinheiro e cobra juros escorchantes. E ai daquele que se atrever a chamá-lo de usurário. Reforma os títulos, até o dia em que cobra tudo e deixa liso o devedor. Prepotente, Abelardo pisa em quem pode, mas sabe que é apenas "um feitor do capital estrangeiro". Ingleses e norte-americanos comandam o jogo, no qual brasileiro só faz figuração. Heloísa, por exemplo, deve servir ao Americano, personagem que entra em cena no segundo ato da peça.

Abelardo I é um representante da burguesia ascendente da época. Seu oportunismo, aliado a crise da Bolsa de Valores de Nova York, de 1929, permite-lhe todo tipo de especulação: com o café, com a indústria, etc. Sua caracterização como o “Rei da Vela” é extremamente irônica e significativa: ele fabrica e vende velas, pois “as empresas elétricas fecham com a crise. Ninguém mais pode pagar o preço da luz”. Também é costume popular colocar uma vela na mão de cada defunto, assim Abelardo I “herda um tostão de cada morto nacional”. Abelardo torna-se então o símbolo da exportação, a custa da pobreza e das supertições populares.como personagem, ele também denuncia a invasão do capital estrangeiro; daí a irônica consideração sobre “a chave milagrosa da fortuna, uma chave yale”.

Heloísa representa a ruína da classe fazendeira. Seu pai, coronel latifundiário, vai a falência, num retrato em que predomina a perversão e o vício, símbolo de uma classe em decadência. A aliança de Abelardo e Heloísa pode, assim, representar a fusão de duas classes sociais corruptas pelo sistema capitalista.

Uma terceira personagem vem a completar o quadro social de Brasil da época: Mr. Jones, que simboliza o capital americano: sua presença revela um país endividado: “os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados ao destino deles. Devemos tudo o que temos e o que não temos. Hipotecamos palmeiras... quedas de águas. Cardeais!”

A escolha dos nomes é irônica: Abelardo e Heloísa são dois famosos amantes da Idade Média: ele, um teólogo francês de século XII, ela, sobrinha de um sacerdote. Pouco tem a ver, portanto, com as personagens oswaldianas. Entre os noivos de Oswald, não há idealismo: Heloísa casa-se por interesse, fato sabido por Abelardo I, que também vê vantagens na aliança. Na verdade, Heloísa é membro de uma família da aristocracia rural falida e Abelardo I, da burguesia em ascensão. O casamento entre ambos é uma metáfora: com ele, Oswald simboliza a união entre essas duas classes sociais.

Outros teatros marcantes:
1925: O rei Floquinhos (infantil)
1937: O rei da vela
1937: A morta
1943: O Homem e o Cavalo


Oswald de Andrade - Completo
Este documentário produzido através do projeto-programa "De Lá Pra Cá" oferece uma bela apresentação sobre a vida e a obra do Poeta e Modernista brasileiro, Oswáld de Andrade. Esse poeta possui uma forte presença na Semana de Arte Moderna de São Paulo e produziu excelentes obras sobre a Identidade do Brasil, resgatando e valorizando o mais simples como o Português Popular , entre outras coisas do nosso Brasil.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho

 "Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples."
Biografia

Nasceu em 19/04/1886, no Recife e morreu em 13/10/68, no Rio de Janeiro. Poeta que provavelmente foi a principal figura do Modernismo brasileiro, embora tenha se recusado a participar da Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo.

Bandeira foi educado no Rio e São Paulo, mas em 1903 a tuberculose forçou-o a abandonar seu sonho de ser arquiteto (o pai era engenheiro). Muitos dos seus anos seguintes ele passou viajando em busca da cura, e durante este período leu extensamente e retomou a produção de poesia (seu primeiro poema, em alexandrinos, tinha saído em 1902).

Seus primeiros livros (A cinza das horas, 1917, e Carnaval, 1919) mostram a influência tardia dos simbolistas e parnasianos, mas alguns poemas de seu livro seguinte (Ritmo dissoluto, 1924) já contemplam a sensibilidade do modernismo emergente, que tentava liberar a poesia do academicismo e da influência européia. Libertinagem (1930) mostra claramente tendências modernistas nos seus versos livres, linguagem coloquial, sintaxe pouco convencional e o uso de temas folclóricos. Seus livros seguintes (Estrela da manhã, 1936, Lira dos cinqüent'anos, 1940, Mafuá do malungo, 1948, Opus 10, 1949, e Estrela da tarde, 1960) consolidaram sua posição como um dos maiores poetas brasileiros. Apesar de sua longa vida como poeta, só começou a ter lucro material com sua produção em 1937, quando ganha o prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira.

Na sua poesia, Bandeira abandonou o tom retórico de seus antecessores e usou a fala coloquial para tratar de temas triviais e eventos do dia-a-dia, com objetividade e humor.

Em 1935 é nomeado pelo Ministro Capanema inspetor de ensino secundário. Ensinou literatura no Colégio Pedro II, no Rio, de 1938 a 1943 e tornou-se professor na Universidade do Brasil naquele último ano.

Bandeira também traduziu vários poemas de inúmeros autores (Goethe, Jorge Luís Borges, Heine, Cummings, Rilke, Kahlil Gibran, Baudelaire, García Lorca, Elisabeth Browning, Emily Dickinson, Verlaine, etc.). Adicionalmente traduziu várias peças de teatro e livros em prosa, entre eles Macbeth (Shakespeare), Maria Stuart (Schiller) e A Prisioneira (de Em busca do tempo perdido, de Proust, em parceria).

Colaborador em vários jornais durante toda sua vida, produziu inúmeras crônicas e crítica artística. Foi ainda antologista (Antero de Quental, Gonçalves Dias), historiador literário (Noções de História das Literaturas) e biografista.

Características da obra

A poesia de Manuel Bandeira nasce parnasiana e simbolista e, aos poucos, se distingue como "o melhor verso livre em português". O poeta transita do Parnasianismo ao Modernismo e experiências concretistas, conservando e adaptando os ritmos e forças mais regulares.

Em sua obra, o aspecto biográfico, marcado pela tragédia e tuberculose, é poderoso, constando até em obras nitidamente modernas, como Libertinagem. Há, ainda, a marca da melancolia, da paixão pela vida e das imagens brasileiras. As figuras femininas surgem envoltas em "ardente sopro amoroso", enquanto outros poemas tratam da condição humana e finita sem deixar de demonstrar o desejo de transcendência como em Momento num Café, Contrição, Maçã, A Estrela e Boi Morto.
Texto do autor
Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
 
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
 
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

A morte absoluta
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.
 

Debussy
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . .
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai . . .)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psio . . . —
Para cá, para lá . . .
Para cá e . . .
— O novelozinho caiu.

Tempo-será
A Eternidade está longe
(Menos longe que o estirão
Que existe entre o meu desejo
E a palma de minha mão).

Um dia serei feliz?
Sim, mas não há de ser já:
A Eternidade está longe,
Brinca de tempo-será.


O Habitante de Pasárgada - Manuel Bandeira
Vídeo sobre o poeta que faz parte do DVD "Encontro Marcado com o cinema de Fernando Sabino e David Neves"


Fontes: passeiweb.com
revista.agulha.nom.br

Luana e seu grupo

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Jorge Amado.

Romances:

- O País do Carnaval, 1931
- Cacau, 1933
- Suor, 1934
- Jubiabá, 1935
- Mar Morto, 1936
- Capitães da Areia, 1936
- Terras do Sem Fim, 1943
- São Jorge dos Ilhéus, 1944
- Seara Vermelha, 1946
- Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)
- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958
- Os Pastores da Noite, 1964
- Dona Flor e Seus Dois Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa batalha entre o espírito e a matéria, 1966
- Tenda dos Milagres, 1969
- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972
- Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977
- Farda Fardão Camisola de Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979
- Tocaia Grande: a face obscura, 1984
- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988
- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994
- O Compadre de Ogum, 1995

Novelas

- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959
- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961
- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976

Literatura Infanto-Juvenil:

- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976
- A Bola e o Goleiro, 1984
- O Capeta Carybé, 1986

Poesia:

- A Estrada do Mar, 1938

Teatro:

- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958

Contos:

- Sentimentalismo, 1931
- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931
- História do carnaval, 1945
- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965
- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979
- O episódio de Siroca, 1982
- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989

Livro traduzido:

- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934


Resumo de Gabriela Cravo e Canela- Jorge Amado
Na progressista Ilhéus, a capital do cacau, vivia Nacib, sírio, naturalizado brasileiro, que aqui estava desde os quatro anos de idade. Dono do bar Vesúvio e ilheense de coração, não se lembrava de nada de seu país. Numa manhã, precisamente às seis horas, foi acordado por Filomena, sua cozinheira. Meio atordoado entendeu que ela estava indo embora; iria para junto do filho, agora casado e carente de sua presença. 

Repentinamente, Nacib se viu sem cozinheira, exatamente, um dia antes do jantar para trinta pessoas, que seria dado no Vesúvio, em comemoração da recém-inaugurada empresa de ônibus que fazia Ilhéus-Itabuna duas vezes por dia. Agora Ilhéus tinha um serviço de transporte coletivo, graças ao empreendimento de dois homens corajosos - o russo Jacob e o Moacir da garagem. Além disso, precisava de um tabuleiro de doces e salgados para o bar. 

Foi à casa das irmãs dos Reis, Quinquina e Florzinha que, além de excelentes doceiras e quituteiras, faziam o maior e o mais visitado presépio da cidade. Aceitaram a encomenda, por que se tratava do senhor Nacib; estavam muito atarefadas com o presépio. Naquela manhã, trabalhando no bar, contava sua desventura a todo freguês, na expectativa de que este conhecesse uma cozinheira disponível. Não poderia ficar com as dos Reis; eram muito caras. Logo após o almoço, aceitou a sugestão do professor Josué; iria mais tarde ao 'Mercado de Escravos', onde se instalara uma leva de retirantes flagelados. Talvez, com sorte, pudesse encontrar uma cozinheira em meio àquela gente. 

Naquela manhã, muitas coisas ocorreram em Ilhéus, fazendo a cidade fervilhar. Quando estava para atracar no porto, o Ita encalhou na areia, ficando ali horas. Dizia-se, com veemência que a falta de um porto decente era um despropósito para uma cidade daquele porte. Além da costumeira leva de comerciantes e aventureiros, o navio trazia de volta o exportador de cacau, Mundinho Falcão que tinha ido ao Rio para ver a família e fazer contatos políticos. Era solteiro e, como a maioria das pessoas, viera para Ilhéus em busca de fortuna. Além disso, queria tentar esquecer um grande amor. 

A notícia do assassinato de um casal de jovens correu rápido como um relâmpago pela preconceituosa cidade. Naquela manhã, o coronel Jesuíno flagrou sua esposa, Sinhazinha, na cama com o dentista, Dr. Osmundo, matando-os em seguida. Comentava-se e discutia-se calorosamente a tragédia dos dois apaixonados; divulgavam-se versões da sociedade, opunham-se detalhes, mas com uma coisa todos concordavam: o gesto macho do coronel era constantemente louvado. Para a provinciana Ilhéus, honra de homem enganado, só o sangue poderia limpar. Na busca de razões, os mais conservadores diziam que o vilão de tudo isso era o clube Progresso com seus bailes. 

Quando a tarde caiu sobre Ilhéus e o bar começou a esvaziar, Nacib se dirigiu ao Mercado. Entre os retirantes notou uma mulher em trapos miseráveis, pés imundos descalços e cabelos desgrenhados. Estava tão suja que não se podia ver-lhe as feições ou dar-lhe a idade; respondeu que se chamava Gabriela e que sabia fazer de tudo. Mesmo achando que não era verdade, Nacib levou-a consigo, para experimentar o seu serviço. Quando chegaram em casa, mostrou-lhe os aposentos e o quarto onde ela ficaria. Antes de sair, mandou que tomasse um bom banho; iria ao bar e depois acabaria a noite no Bataclan, onde estava de xodó com Risoleta. 

Para surpresa de Nacib, Gabriela revelou-se competentíssima no forno, fogão e arrumação de casa. Além disso, era uma bela morena com lábios de pitanga; era de uma beleza simples, pura. Logo, a moça se inteirou de tudo da casa, arrumando tempo até para levar o almoço do patrão e ajudá-lo no bar, enquanto este almoçava. Não só os quitutes da jovem cozinheira trouxeram mais clientes ao bar, como também sua presença que a todos encantava. Ela, por sua vez, se encantava também com os moços bonitos que freqüentavam o bar. Voltava para casa, quando o Sr Nacib se acomodava na espreguiçadeira para a sesta de alguns minutos no começo da tarde. Gabriela gostava de brincar, correr com as crianças, ficar descalça, ir ao circo e de rir, ria sem motivo, ria sempre e muito com sua boca de pitanga e uma flor nos cabelos. 

Os Bastos comandavam o destino político de Ilhéus há mais de vinte anos, prestigiados pelos sucessivos governos estaduais. O velho coronel Ramiro Bastos não via com bons olhos a liderança do rico forasteiro, Mundinho Falcão. O exportador estava presente em quase tudo o que se fazia em Ilhéus: a instalação de filiais de bancos, empresa de ônibus, a avenida na praia, a publicação do jornal diário, os técnicos vindos para as podas de cacau, arquitetos para projetar os palacetes dos coronéis. Preocupado, o coronel achava que a sombra de Mundinho estava escapando de seu controle. 

Mundinho, cuja família era importante nos meios políticos do sul, tinha um irmão deputado e parentes na diplomacia. Para ele, as necessidades dos coronéis não mais correspondiam com as necessidades da cidade em rápido progresso, por isso auxiliava novos empreendimentos. O capitão, cuja família sempre se opôs aos Bastos, via no jovem exportador uma pessoa com condições de fazer frente ao poder do coronel Ramiro. Mundinho gostou da idéia e se colocou em campanha política. 

Nacib, como todo ilheense, queria ganhar dinheiro, prosperar e comprar terras para plantar cacau. Gostava das coisas simples e boas da vida, mas mostrava-se preocupado; os homens do bar estavam todos de olho em Gabriela, ela recebia recados, bilhetes com propostas de coronéis para as quais sempre respondia não, nunca deixaria seu Nacib. Quando um mais ousado lhe tocava a mão ou pegava-lhe no queixo, ria apenas, não se zangava. Nacib não sabia por quanto tempo ela resistiria à tão boas ofertas e isso o afligia. 

Ele não queria perdê-la. Desde o segundo dia em sua casa, dormiam juntos à noite, e a cada noite ele morria em seus braços ardentes e corpo insaciável. Renovada a cada noite, ela chamava-o de seu moço bonito, minha perdição. Ela nunca pedia nada por isso. No outro dia, agia como se nada tivesse ocorrido entre os dois, olhava-o como aos outros, tratava-o como patrão. Para Nacib, o fogo de sua pele morena cor de cravo e cheiro de canela estava cravado no seu corpo, que não queria perder. 

O motivo pelo qual Ilhéus ainda não tinha um porto era a grande quantidade de areia na barra, fazendo os navios encalharem. Todo o cacau para o estrangeiro saía via Salvador e, conseqüentemente, boa parte do dinheiro da exportação ficava na capital. Segundo Mundinho, esse era o motivo do desinteresse dos sucessivos governos e, por tabela, dos coronéis em adiarem a construção de um porto em Ilhéus. Um dia, ao desembarcar do Ita, vindo do Rio, o exportador espalhava a todos que a solução para o caso da barra já havia sido providenciada; um engenheiro estaria a caminho em alguns dias. 

Nacib não ia mais ao Bataclan; não precisava; todos notaram. Mesmo sabendo o tipo de relacionamento que o árabe mantinha com a formosa empregada, oficialmente, para os fregueses, ela não passava de sua cozinheira e, por isso, tratavam-na como tal, enchendo-a de propostas atrevidas, bilhetinhos, atenções e piscadelas. Surpreendentemente, notava Nacib que, o único a tratar Gabriela com certa distância, como uma senhora respeitável, era o filho do coronel Ramiro, Tonico Bastos, o garanhão de Ilhéus. 

Era casado com Olga, filha única de família muito rica. Apesar de a mulher trazê-lo com rédeas curtas, era tido como mulherengo e conquistador. Todos os dias, religiosamente, antes de voltar ao tabelião, depois das duas, Tonico parava no bar para um digestivo. Nessas ocasiões, Nacib confidenciava-lhe suas agruras afetivas. Achava que a solução era se casar com Gabriela. Assim, ela não viria mais ao bar; ele perderia muitos fregueses, o que para ele, não importava mais. O problema era como se casar com uma mulata, cozinheira, sem família, retirante encontrada no mercado, naquela cidade preconceituosa. Com certeza, todos iriam falar. 

Uma noite, ao invés de ir ao quarto de Gabriela, Nacib, pela primeira vez, trouxe-a para o seu quarto e ali se amaram. Ele a chamava de Bié, e ela gostava, achava que era nome de gringo Ele disse que se casariam; ela seria a senhora Saad; vestiria roupas finas e jóias caras. Para Gabriela, não carecia casar, era melhor do jeito que estava; ela nunca deixaria Nacib. Gostava muito dele, era seu pai, seu irmão, seu amante. Entretanto, gostava também de correr solta no sol, tomar banho frio, mastigar goiaba, comer manga espada e morder pimenta. Gostava de andar pelas ruas, cantar cantigas, com um moço dormir e com outro sonhar. Achava que teria de tomar cuidado, Nacib era homem bom, não queria magoá-lo. Mas, por outro lado, não podia ficar sem sair de casa, sem ir à janela, sem ouvir a voz de homem. 

Após três meses, chegou Dr. Rômulo Vieira, o engenheiro que faria os estudos da Barra. Malvina, filha do coronel Melk, era conhecida pela personalidade ousada. No enterro de Sinhazinha, levou uma flor à infiel falecida, o que deu origem a muito falatório na cidade. Gostava de ler; Lia bastante, sempre sob orientação de João Fulgêncio, o livreiro de Ilhéus. Ela apaixonou-se por Rômulo, que era casado. Quando Melk soube desse pormenor, tentou impedir, surrando a filha. Esta tentou fugir com o engenheiro, que não quis assumir a paixão. Acabou interna, em um Colégio de freiras no Rio. Mais tarde, aproveitando a saída para as férias, conseguiu fugir. 

O casamento trouxe uma série de proibições para Gabriela. Não podia andar descalça, correr na praia com os cabelos despenteados, molhar os pés na água, ir ao bar ou ao circo; não podia mais rir sem razão. Ela era a senhora Saad e como tal, tinha que se vestir como as mulheres dos médicos e advogados da cidade, tinha que ouvir as maçantes palestras do Grêmio tinha que visitar a tia de Nacib. Às escondidas, ia ensaiar para o Terno dos Reis; se, nas festas de fim de ano, Nacib não a deixasse sair vestida de pastora, levando o estandarte, pelo menos já teria dançado bastante nos ensaios. 

Na véspera de ano novo, teve de ir com o marido ao enfadonho baile no Clube Progresso. Quando deu onze horas, todos correram para a rua ver o Terno dos Reis que passava. Gabriela, cega, não enxergando mais ninguém, correu para o bloco, roubou o estandarte de Miquelina e entrou na dança. Dona Jerusa, vendo o constrangimento de Nacib, saiu dançando também, puxando outros consigo. Em seguida, toda alta sociedade ilheense dançava com o Terno, ladeira abaixo. 

Como o tempero de Gabriela estava fazendo sucesso, Mundinho propusera a abertura de um restaurante em sociedade com o árabe, que aceitou prontamente. Este se chamaria Restaurante do Comércio. Nesse período também, Nacib começou a notar que Gabriela não o esperava mais com o ardor inicial. Uma tarde, na hora do trago de Tonico, queixou-se ao seu antigo confidente, padrinho também do casamento. O tabelião lhe explicara que assim se passava em todos os casamentos: o amor se acalmava; era um doce amor de esposa, discreto e espaçado, sem mais a violência da amante, exigente e lasciva. 

A desavença com Bico-Fino, um dos seus funcionários, levou-o a descobrir que Gabriela o traía com Tonico. Este se enfiava na casa de Nacib, logo após o digestivo da tarde. Em confissão o outro ajudante, Chico Moleza, confirmou que Tonico era o mais recente; tinha havido outros e desfiou nomes. No dia seguinte, após o amargo da tarde, Tonico saiu. Nacib esperou um quarto de hora e foi para casa, flagrando os dois na cama. Mesmo com o revólver na mão, não os conseguiu matar. Surrou Gabriela até marcá-la. 

Naquela sociedade, se ela fosse sua rapariga, as pancadas que lhe dera bastavam, mas como marido, manchas roxas não eram suficientes para lavar a honra. Teria de sair de Ilhéus se não quisesse servir de chacota. João Fulgêncio sugeriu que seria fácil anular o casamento e se propôs cuidar do caso para o árabe. Como retirante, Gabriela não possuía documento. Para casar, Tonico forjara uns papéis no cartório para Nacib. A prova de que os documentos eram falsos se caracterizava como 'erro essencial de pessoa', o que anularia o casamento, e assim ele não estaria mais casado; tudo não passara de amigação. 

Como a civilização ilheense foi construída à base de documentos falsos, algumas conversas com quem de direito bastaram para que o processo de anulação do casamento fosse aprovado. Dessa forma, Nacib encontrou-se novamente solteiro e a senhora Saad voltou a ser Gabriela, que não entendia o motivo que impedia seu Nacib de não a quer mais de volta, se já não eram mais casados, se nunca tinham sido. Não entendia porque só aos homens era dado o direito de trair. Para ela, era difícil; quando tinha vontade, fazia, sem lembrar que não era permitido. Magoada, queria, pelo menos, cozinhar para ele, preparando os quitutes para o bar. Ficou morando na casa de dona Arminda e costurando para o florescente atelier de Dora. 

O combate político entre Mundinho e Ramiro Bastos teve como saldo: sede de jornal queimada, atentados de morte, homens surrados, além do falecimento do próprio Ramiro, cujo coração velho não agüentou. Até Gabriela se viu envolvida, ao esconder, no quarto dos fundos de sua casa, sem que Nacib soubesse, o negro Fagundes, retirante que ela conhecera na estrada, a caminho de Ilhéus. Capanga do coronel Melk, ele tinha comandado o atentado contra Aristóteles, o intendente de Itabuna. 

Para Nacib, aparentemente, tudo voltara ao normal. Os fregueses lá estavam, jogando, rindo, bebendo aperitivos antes do almoço e do jantar. Ele se refizera por completo, a ferida cicatrizara no peito, já não cercava dona Arminda para saber de Gabriela, ouvir notícias das propostas recebidas e recusadas por ela. Sentia muita falta, sim, do seu tempero e quitutes. No Vesúvio, não havia tanto consumo como no tempo de Gabriela. A cozinheira, que mandara vir de Sergipe, não ia além do trivial; era um blefe. 

Quanto ao Restaurante do Comércio, Mundinho mandara vir um cozinheiro de Salvador, Fernand chef de cuisine. Gabriela viu, na presença desse cozinheiro, uma ameaça: nunca mais voltaria a trabalhar para o seu Nacib. Infeliz, com o peito vazio e sem gosto para vida, procurou auxílio no terreiro de Sete Volta. Na véspera da inauguração do restaurante, Fernand desapareceu. 

Na tentativa de solucionar o problema, dona Arminda sugeriu, mais uma vez, Gabriela, que até então não tinha sido aceito por Nacib. Ao ouvir o nome da cozinheira, João Fulgêncio disse que ali estava a solução e explicou a Nacib, que a relação anterior com ela não passara de amigação; já estava tudo anulado. No dia seguinte, o restaurante foi inaugurado. Para a felicidade geral, Gabriela tinha voltado, mas o restaurante era um fracasso em termos de clientela. Todavia, suas mesas se deram muito bem para a jogatina que ali ocorria todas as noites. 

Algum tempo depois, Mundinho se elegeu deputado federal por Ilhéus, os trabalhos no porto na Barra estavam em adiantado progresso e Jesuíno foi condenado, tornando-se o primeiro coronel do cacau a ser preso pelo assassinato de Sinhazinha, esposa adúltera, e do amante. Gabriela voltara a ser a mulher livre e feliz de outrora. Ria e folgava, mas às onze horas estava de volta em casa para esperar seu Nacib que, por sua vez, quando não havia nada interessante no cabaré, voltava aos braços ardentes de sua cozinheira, não existindo nada igual. 
Enviado por: Amanda Kirchbaner, Gabriel Silvério